Thursday, July 17, 2008

Gato

Hoje de manhã, o meu gato não estava deitado aos meus pés. Enquanto me despachava e tomava o pequeno-almoço, não apareceu. Passei pelo escritório para ir buscar a mala e a pasta e não estava aninhado no sofá.

Percebi que ia ter que fazer uma busca preventiva, antes de sair de casa, mais longa do que a do costume. Pacientemente, percorri todos os recantos do costume, todos os esconderijos de recurso (caixote de areia, atrás das louças da casa de banho, armários). No fim de refazer este percurso 3 vezes e de espreitar em cima dos armários e frigorífico e todos os outros absurdos que ainda restassem, percebi que o gato não estava em casa.

Antes de entrar em pânico, fui analisar os 11 patamares do prédio, um a um. Fui à garagem. Por fim, fui à rua, dei a volta ao quarteirão, perguntei no café. Ainda fui às casinhas do lixo.

O nó na garganta começou a estrangular-me. Ao telefone, a familiar que vive temporariamente lá em casa (e que tinha saído mais cedo que eu) jurava-me que não o tinha visto esgueirar-se quando saíra. Pedi-lhe para ver nas malas de viagem (outra artimanha possível). Não estava. Liguei ao padeiro, que viera pôr-me o pão à porta às 7 da manhã. Não o vira.

Desatei a chorar desbragadamente.

Afixei anúncios nos elevadores, nas entradas. Já lá iam os primeiros 45 minutos do emprego.
No meio do pranto, subi a casa para fazer mais anúncios de "Gato perdido, contacte por favor...".

Quando o telefone tocou com um nº que eu não conhecia, o coração começou a querer saltar-me do peito. A vozinha feminina perguntou: "É a vizinha?"...e eu acho que comecei logo a sorrir entre lágrimas. Estava no 2º Esquerdo, escondido entre cortinados e muito assustado. Fugira graças à incúria da minha inquilina e felizmente encontrara uma porta aberta antes de chegar à da rua. Abracei a vizinha e carreguei-o para casa como um tesouro.

Há apenas dois dias, perguntei à veterinária quantos anos podia durar um gato. "Uns 20", disse ela.

4 comments:

Tiago Costa said...

Esse gato é um sortudo.

Anonymous said...

Aristogato does it again...desta vez com requintes. Ainda bem que tudo voltou à normalidade e estará a estas horas entretido a marcar pegadas a serem descobertas pela manhã. ;-)

Raquel said...

Se ele fosse assim tão sortudo, será que fugia? Por outro lado, se deixa pegadas, talvez goste de fugir só para ser descoberto. Quem não precisa por vezes de fugir para ser descoberto, também?

Tiago Costa said...

Exacto, tem sorte porque foi procurado, ora essa :)