Wednesday, June 25, 2008

No-zen attitude

Há quem não faça planos com medo da desilusão.
Há quem os faça por achar que sem ilusão não vive.

Fazer planos revela, mais do que esperança, vontade de instrumentar o futuro: fazer com que as coisas boas comecem mais cedo e acabem mais tarde do que aquilo que a vida planeou para elas.
Eu faço planos porque sou optimista, impaciente e um bocado mandona.

Monday, June 23, 2008

Até à meta

A abrir a Corrida da Luz, na noite do solstício de Verão (a mais curta do ano), há fogo de artifício. É um luxo complementar aquele de correr pelas ruas vazias de carros, ao lado dos bailaricos e das sardinhas que ainda restam na zona do Campo das Cebolas, pelo meio das lojas da Baixa, espreitando o Marquês enquanto se inflecte para a descida final. Ao quilómetro 9, um rapaz da organização grita "força! está quase!" e eu ainda consigo responder-lhe a rir: "depois disto, só espero que os brindes sejam bons!". Alguém me reconhece quando estou a regressar do Cais do Sodré, ainda viro a cabeça mas não consigo discernir quem é. Passo a meta e num ápice o entusiasmo, o esforço, a dor e a resistência somem-se na recordação. Não há medalha, mas enquanto volto sozinha para casa acalento uma íntima sensação de vitória.

Tuesday, June 17, 2008

Keep going

Outro filme cujas críticas desapontadas não consigo compreender. O Sexo e a Cidade, filme, não tem o mesmo grau de entretenimento nem a audácia que nos era familiar na série, mas também não é tão acéfalo nem xaroposo como se poderia temer. Aquilo que nele realmente desconcerta é a presença mais do que pontual do sofrimento. Há traições, abandonos, erros, ganhos de peso e envelhecimentos que custam a digerir, a perdoar e a aceitar. E no fim tudo acaba bem? Bom, no fim tudo continua...e nós por cá também.

Thursday, June 12, 2008

O que aliás me lembra

Uma velha canção de Sinnead O´Connor:

We used to go outwalking hand in hand
You told me all the bigthings you had planned
It wasn't long till all your dreams came true
Success put me in secondplace with you

You have no time to love me anymore
Since fame and fortune knocked up on our door
And I spend all my evenings all alone
Success has made a failure of our home

If we could share an evening now and then
I'm sure we'd find true happiness again
You never hold me like you used to do
Oh, it's funny what success has done to you

I never changed
I'm still the same
I never changed
Stop what you're saying
You're killing me
And am i not your girl?
Am i not your girl?...Am i not?

A medida do sucesso

Está na moda contratar consultoras para despedir pessoas. Uma das artimanhas consiste em atribuir maior pontuação a quem demonstrar maior inépcia familiar, afectiva e social. Veja-se o seguinte exemplo para constatar que aquilo que a Heindrick & Struggles, por exemplo, considera um excelente profissional, equivale, no senso comum que ainda nos reste, a premiar uma autêntica besta.
Nível 1 (o mais fraquito): "Limita-se a cumprir o seu horário de trabalho revelando, por norma, pouca ou nenhuma disponibilidade, independentemente das solicitações, exigências funcionais e problemas decorrentes da gestão da equipa. Raramente aproveita os tempos livres para procurar novas aprendizagens em áreas relacionadas com a sua função específica". Uma nódoa de ser humano, não é verdade?
Nível 3 (o assim-assim): "Cumpre as funções que lhe são solicitadas pelas chefias e costuma fazer sugestões que exijam esforço pessoal complementar e/ou disponibilidade total". Disponibilidade total ainda é pouco. Falta-lhe um bocadinho assim...
Nível 5 (o supra-sumo da caderneta de cromos): "Demonstra disponibilidade total para todo o tipo de funções, independentemente dos horários e do esforço pessoal envolvido. Sem que ninguém lhe peça, candidata-se a trabalhos que exigem grande esforço pessoal e familiar." Este nível de requisitos é, perguntam vocês, para se ser primeiro-ministro, director da AMI ou astronauta? Não, jovens amigos, é para um quadro médio, pago com um ordenado pouco mais que médio, numa empresa média-medíocre, poder manter o seu emprego.

Há coisas que metem nojo, não há?

Wednesday, June 11, 2008

O efeito especial

Não percebo porque dizem mal do novo "Indiana Jones". Nunca me passaria pela cabeça ser exigente com um filme destes. Continua absurdo, rocambolesco e histriónico como sempre foi: é o que se lhe pede. Entretém e faz-nos ter 15 anos. Missão cumprida.
Para os desatentos, há uma pérola existencialista no meio das deixas banais: "estamos na idade em que a vida deixa de nos dar coisas e começa a tirá-las". Que é um bocado como eu me sinto agora.

Monday, June 09, 2008

Na aldeia

O primo tamborilava distraidamente com as mãos nas rodas da cadeira, às vezes abanando-se como a uma criança no próprio berço. Porque as conversas são como as cerejas, a prima levou um quilo delas. Falaram de si mesmos um ao outro, sem factos nem novidades nem descrições nem pessoas nem sonhos nem segredos nem mágoas, só com ideias: ideias de si, ideias do mundo, ideias de uma vida que só existia no mundo das ideias. Filosofaram como dois adolescentes tornados anciãos. A sala obscurescia o primeiro calor do Verão. Do outro lado da estradita, a velha casa tão imóvel e silenciosa como no tempo em que os avós eram vivos. Se não se entrasse, era possível imaginar que ainda lá estavam, que depois do cheiro a maçãs na adega eles ainda perguntariam "quem é?" mal ouvissem ranger o prego que segurava a porta e carecia de artes de presdigitador para conceder passagem. A dois passos, já na descida, a tia atirava o neto pequenino ao ar, enquanto o tio sorria bonacheirão. O gato roçava-se na pernas e esgueirava-se pela horta, pejada de flores e pêssegos e morangos a fazerem-se vermelhos e ramagens de cebola e aipo e courgettes inchadas como odres. A mãe do pequeno ligava a saber se ele tinha comido a sopa. A tia suspirava da vida, para logo se desfazer a rir mal o garoto lhe acenava com uma nova momice. O milho fazia-se grande, toda a fecundidade do Verão e da terra arquejavam sensualmente. À noite, os grilos palravam sob as estrelas cálidas.

Friday, June 06, 2008

Análise de conteúdo

Gostava de saber qual a proporção de canções existentes no mundo que falam de amores fracassados, sobre o total daquelas que falam de amor em sentido lato e ainda sobre o total de canções tout court. Se há coisa que um amante tristonho não consegue é sentir-se só na sua condição.
No entanto, volta e meia, alguém trina, como o Sinatra: "once in a while (...) love´s been good to me". E tudo volta a valer a pena.

Hummm...






"Düsseldorf on the Rhine is the city of fashion, shopping, culture and lifestyle. The Königsallee is one of the most luxurious shoppers’ paradises in Europe."






Tuesday, June 03, 2008

Spend some time

As coisas que uma pessoa ouve às 7 da manhã e lhe parecem tão lúcidas.

How I wish you could see the potential, the potential of you and me It's like a book elegantly bound, but in a language that you can't read You gotta spend some time-love, you gotta spend some time with me And I know that you'll find-love, I will possess your heart. There are days when outside your window, I see my reflection as I slowly pass And I long for this mirrored perspective, when we'll be lovers, lovers at last You gotta spend some time-love, you gotta spend some time with me And I know that you'll find-love, I will possess your heart. I will possess your heart. You reject my advances and desperate plea I won't let you, let me down so easily, so easily You gotta spend some time-love, you gotta spend some time with me And I know that you'll find-love, I will possess your heart.
(Death Cab for Cutie)

Monday, June 02, 2008

O céu sobre a terra, nós sobre a falésia


O fim de semana "em família" da Papaléguas, em Aljezur, foi fantástico! Fez bem aos 5 sentidos e a todos aqueles que o coração alberga para além desses.

Obrigada, céu azul, mar profundo, terra de esteva, amigos sinceros e amor doce. Fui feliz por terras de Barlavento.