Tuesday, April 29, 2008

Se não fores por aí, vem antes por aqui

Pensa melhor.
Não, não penses tanto.
Sê forte.
Não sejas, não vais sair viva desta vida seja como for.
Lembra-te de ti.
Lembra-te que não és ninguém sem os outros.
Sabes que tens razão.
Sabes que o coração não tem razões, muito menos as que ainda desconhece.
O importante é fazer a coisa certa.
O importante é gostar do que se faz.
A vida ensina-nos que não vale a pena.
A morte torna-nos livres para que tudo valha a pena.
À primeira todos caem, à segunda só cai quem quer.
Mas dizem que à terceira é que é de vez.
Corta.
Perdoa.
Protege-te.
Dá-te.
Não sofras mais.
Não sofras mais.
Não penses tanto!
Vá, pensa melhor...

Out Jazz

Para desintoxicar da claustrofobia e da cretinice da clientela do Maxime, gentalha cinemática que na passada madrugada do 25 de Abril reduziu o verdadeiro artista JP Simões a um fio de voz (agridoce), aqui vai uma proposta ao ar livre:

"No domingo, dia 4 de Maio, inicia-se a 2ª Edição do Pleno Out Jazz, evento que leva as novas tendências da musica jazz aos jardins de Lisboa. Serão cinco meses e cinco jardins que de Maio a Setembro os fins de tarde de domingo vão ter concertos de jazz gratuitos a partir das 17 horas, seguidos por um Dj set das 19 horas até ao anoitecer. Por Belém, Campo Grande, Parque Eduardo VII e jardim da Estrela vão passar nomes como Tora Tora Big Band, Maria João e Mário Laginha, Vânia Fernandes e On Dixie, numa acção patrocinada pela Pleno."

Thursday, April 24, 2008

Sobre o tema mais velho do mundo

Ontem saiu numa revista um artigo, tema de capa, que perguntava "Quantos parceiros já teve?". O artigo concluía que, quando instigados a responder, os homens tendiam a multiplicar as ocorrências e as mulheres a dividi-las, possivelmente porque enquanto os primeiros associavam os feitos à vaidade, as segundas mais depressa se sentiam alvo de julgamento por leviandade. Não deixa de ser curioso que a colecção de experiências sexuais possa ser tida, para "os homens" como um rol de sucessos e para "as mulheres" como um somatório de fracassos. Havia uma delas que dizia algo como "o número de pessoas com quem dormi é o resultado de não ter sido feliz com nenhuma". Mas verdade, verdadinha, é que em nenhum jantar de mulheres esta reflexão sorumbática ensombra as listagens, os elencos e as classificações que se esgrimem e comparam entre gargalhadas. Sim, as mulheres também podem ser muito carroceiras...

No meu último aniversário, ofereceram-me a série "The L Word", rotulada como lesbian-chic. Não consigo gostar daquilo. As personagens, sem densidade, vivem num mundo sexualmente agressivo, fútil e competitivo. É como se aquelas mulheres fossem o pior dos jargões que usualmente atribuímos aos homens. Ora, eu cá acreditava que uma lésbica não queria ser um homem. Estarei enganada? Na verdade, só tenho amigos gays e esses são infinitamente melhores pessoas do que aquele bando de histéricas.

Tuesday, April 22, 2008

Do amor dos Homens

A celebérrima Epístola de S. Paulo aos Coríntios, tartamudeada ad nauseum nos casamentos menos imaginativos, reza particularmente que "o Amor é paciente, é benigno; o Amor não é invejoso, não trata com leviandade, não se ensoberbece, não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal, não folga com a injustiça, mas folga com a verdade. Tudo tolera, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O Amor nunca falha."

S. Paulo (que, tendo sido um grande pecador pelos cânones da igreja que viria a representar, não poderia saber tão pouco da natureza humana) estaria decerto a conferir ao Amor uma dimensão projeccional e aspiracional nesta sua prelecção.
Desde então, todos esperamos demais do Amor. Ora, sendo o Amor tão humano quanto o é, equacione-se o que vale mais: o Amor excelente e intocável que jamais passará de mito, ou o Amor imperfeito, desastrado e sofredor de todos nós, que nos acompanhará na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, todos os dias da nossa vida.

Thursday, April 17, 2008

Diz-me quando, quando, quando

A frase mais usada de entre as minhas deixas feitas tem sido "quando acabar o doutoramento...".
Nessa altura, segundo a minha convicta profecia, tudo acontecerá. Serão reveladas fotografias, publicados relatos de viagem inacabados, palmilhados passeios ignotos, conhecidos bares e restaurantes novos, experimentadas novas danças, melhoradas futuras aulas, escritos uma série de livros e artigos, acarinhados projectos de voluntariado, vividos novos amores, acalentados outros futuros, guardada na gaveta toda esta pressa de passar pela vida sem muito olhar.

Validade

Ontem fiquei a olhar para o meu telemóvel com algum respeito. Vai fazer dois anos irrepreensíveis e tem já uma longevidade maior do que grande parte dos afectos da minha vida.

Wednesday, April 16, 2008

Em repeat, ex-aequo

Os The National são provavelmente a melhor coisa que aconteceu à pop nos últimos muitos anos. E "Gospel" é séria candidata à mais bela das suas músicas.
Por cá, a melhor voz masculina nacional, a de JP Simões, aparece agora em dueto com uma melodia inultrapassável de Rodrigo Leão. Ainda por cima a causa é boa: façam o donativo em www.encontrarse.pt e digam-me quando conseguirem parar de trauteá-la, quando cessarem de ser embalados pela sua melancolia, pela sua doçura, pelo veludo intimista da sua atmosfera.

Friday, April 11, 2008

Como se estraga uma casa

Há dois anos, a festa da FHM no Convento do Beato tornou-se um ícone: espaço elegante, vestidos de noite a sério, boa música e aquecimento.
Ontem, o cenário havia sido tranformado em armazém, estava mais frio lá dentro do que na rua (na noite mais fria desta Primavera temperamental), os jeans coçados faziam a festa parecer associativa de bairro, quem levava um trapinho melhor não ousou tirar o sobretudo e todo o ambiente ressumava ao pior do tuning.
Foi como na história da Cinderela, mas eu que vim embora antes da meia noite garanto que ainda antes disso já só havia abóboras e socas.

Monday, April 07, 2008

À procura desta música

No sábado de manhã, uma melancólica e generosa programação da Radar fez entrar esta música pela segunda vez na minha vida. Não sabia quem era o artista, não sabia o título, desesperei quando a melodia se me desvaneceu da cabeça.
Mas ontem, enquanto a Serra da Arrábida encharcava os passeantes dos cheiros profusos da sua melhor Primavera, a música ressurgiu, e ocupou-me o resto do dia. O único denominador comum com o cenário era apenas uma flor, uma lindíssima flor.


Richard Hawley - Cole's Corner

Hold back the night from us
Cherish the light for us
Don't let the shadows hold back the dawn

Cold city lights glowing
The traffic of life is flowing
All over the rivers there none into dark

I'm going downtown where there's music
I'm going where voices fill the air
Maybe there’s someone waitin' for me
With a smile and a flower in her hair

I'm going downtown where there's people
My loneliness hangs in the air
No one there will be waitin' for me
No smile, no flower, nowhere.

Hold back the night.

Thursday, April 03, 2008

Gostar da lembrança

Pela 3ª vez em Portugal, os Editors ("a banda que não dá maus concertos") ontem começaram a descer na curva. Embora sendo um bocado como sexo e pizza (mesmo quando são menos bons, continuam a ser muito bons), para quem os viu e quem os vê, depois de um Super Rock estreante e de um Restelo consagrante, a sensação é de que o grande prodígio de ontem à noite foi a combinação da memória pessoal com um excelente público. O vocalista, usualmente um animal de palco, estava ontem muito apagado; a banda parecia desavinda e cada um tocava no seu canto; por fim, a ideia asinina da organização de colocar as colunas apenas nos extremos do palco e a 47 metros do solo fez com que para se ouvir alguma coisa tivesse que se estar bem lá atrás. Não que isso resultasse mal: à frente estavam teenagers histéricos (cujas vozes esganiçadas apagavam completamente o débil fio de voz que ali se conseguia apanhar, e que falavam e atendiam telefones como se estivessem na esplanada); atrás, estavam os trintões que cantavam e pulavam ao ritmo certo da música, a voz magnífica do vocalista ouvia-se com dignidade, e melhor que tudo, não se ficava desiludido com a pouca entrega dele no palco porque quase não se via...
"Come on, now, you knew you were lost, but you carried on, anyway."

Wednesday, April 02, 2008

Do you like my tight jeans?

Há duas coisas com que a pessoa se sente logo outra: saltos altos e jeans bem justos. Os primeiros sobejam-me, mas os últimos estavam em déficit depois de um emagrecimento para lá do desejado. Por isso, ontem comprei dois pares. Bem justos. Que saudades!