Friday, May 09, 2008

The mood of love

Ele era louco por ela. Ela nem tanto. Ele escrevia-lhe cartas, suportava-lhe as desculpas para não se encontrarem, gravava-lhe música, enviava-lhe presentes, dançava slows à frente dos amigos quando ela acedia a ir dançar com ele, esperava-a à saída do edifício que o mantinha longe dela durante o dia, só na esperança dos parcos minutos em que se viam e trocavam palavras e beijos rápidos. Ele era bonito, popular e ela sentia-se lisonjeada. Quando ele lhe pediu maior entrega e ela não encontrou, no fundo do coração, húmus para poder fazer medrar aquele afecto, esquivou-se numa cobardia: "Talvez se dessemos um tempo...". Numa expressão que nunca antes ela lhe tinha visto, ele respondeu com dignidade e secura: "Eu não sou a prazo". A partir daí, ela foi reparando numa curiosa lei da vida: a pessoa que mais se entrega e que parece a mais dependente é quase sempre a que termina a relação. Daí que, ao contrário do que diz o ressabiado senso comum, amar não seja tão perigoso como se diz.

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