Thursday, March 27, 2008

Peluche

Há mais de 12 anos, uma rapariga zangou-se com o namorado porque ele tinha dito que a colega de casa dela era mais bonita do que ela.
No dia seguinte, a senhoria da casa onde ela vivia, num quarto alugado, chamou-a com o seu sorriso de velhota. Ele esperava à entrada com um peluche gigantesco debaixo do braço para lhe dar. Ele nunca fora de dar peluches. Ele sempre fora demasiado forreta para oferecer fosse o que fosse com aquele tamanho. Ele correra a cidade toda à procura do peluche que representasse o peculiar animal que ele lhe tinha atribuído como alcunha (como deve ter desejado ter-lhe antes chamado ursinha, tão mais fácil de encontrar!). Vinha esbaforido, suado, envergonhado.
Ele saíra do seu casulo de conforto, expusera-se ao ridículo e ali estava, pedindo perdão.
E ela perdoou-lhe.
Não viveram felizes para sempre, mas ela ainda guarda o peluche e ele ainda guarda a recordação do que foi capaz de fazer por amor.

1 comment:

Rui said...

Que bonito... por outro lado há quem não tenha jeito nenhum para pedidos de perdão.